Maroiços na Ponta da Ilha
A propósito da última pseudo-descoberta dos arqueólogos da APIA de que os Maroiços seriam anteriores à descoberta da nossa ilha pelos navegadores do Infante, e socorro-me da notícia do Expresso: “As pirâmides estão quase todas concentradas numa área de 6 km2 no concelho da Madalena, junto à costa oeste da ilha dominada pela montanha mais alta de Portugal (2351 metros)”.(…) As sondagens foram feitas por Nuno Ribeiro e Anabela Joaquinito, que estão entusiasmados com os depósitos de artefactos antigos que encontraram, e que tudo indica serem muito anteriores à data da descoberta dos Açores pelos portugueses (1427) http://expresso.sapo.pt/arqueologos-revelam-segredos-das-piramides-da-ilha-do-pico;
|
Revelação aliás que tem sido muito contestada por outros cientistas:
- “ Falta apresentar à comunidade científica provas factuais sobre a tese das pirâmides do Pico (…) Embora não seja um especialista em cultura aborígene – seja lá o que isso for -, tenho algum conhecimento do terreno: morei 11 anos nos Açores e construí a sua Carta Arqueológica Subaquática. Consultei documentos, compulsei crónicas – nunca me deparei com qualquer referência concreta a uma ocupação humana pré-povoamento. Mais: baseado no conhecimento profundo das águas dos Açores, onde naveguei e mergulhei até à exaustão, considero que – embora seja remotamente possível – é altamente improvável que tenha existido qualquer contacto anterior ao século XV (…)” In jornal Público, domingo 1.SET.2013 – Alexandre Monteiro, (Arqueólogo náutico e subaquático- Instituto de Arqueologia e Paleociências da Universidade Nova de Lis boa; associado do Icomos Portugal);
- E o Dr. Victor Hugo Forjaz é mais pragmático:
““MAROIÇOS DO PICO -------todo o cuidado é pouco ........ os historiadores sempre os deram como monumentos antrópicos relaccionados com vasta despedrega , mão a mão , sangrando .... Algumas empresas construtoras reduziram os belos destes maroiços a britas ---- belo negócio ..... a pedra já estava partidinha .... Aguardemos ! - 2013.08.28” - Victor- Hugo Forjaz – Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores” vforjazovga@gmail.com
Ora verdade se diga que os Maroiços existem por toda a ilha, embora os mais badalados fiquem na zona da Madalena, mas na zona da Ponta da Ilha, por exemplo, tanto estão junto de terrenos de vinha, como aquele que na propriedade da família Lopes Avila, desde 1852, tinha mais de 3 metros de altura e foi sucessivamente abatido pelo alargamento do Caminho da Engrade, ou como outros, muitos mais, junto de terrenos de semeadura.
|
Como mero leigo na matéria acho no mínimo estranha esta “descoberta” e nunca será de mais ponderar no que afirma o arqueólogo Alexandre Ribeiro, acima citado: “Será novel (a APIA) mas não tanto. Até porque este último achado se insere numa longa cadeia de descobertas que a APIA tem vindo a fazer nos Açores: em 2010, monumentos funerários, “que poderão ter mais de 2000 anos”; em 2011, “templos dedicados a Tanit, deusa cartaginesa”; em 2012, “arte rupestre com características que fazem remontar à Idade do Bronze”. Tudo isto é no mínimo disparatado; e conclui: Nada disto faz sentido.”
Ora para uma ilha que tem 1,2 milhões de anos – segundo nos refere Vitor Hugo Forjaz http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=31914&op=all (2009.05.25) – convenhamos que é, no mínimo, muito audacioso produzirem-se descobertas desta natureza:
Afinal o primeiro homem que povoou o Pico – Fernão Álvares Evangelho, que desembarcou no Penedo da Maré, na vila das Lajes, não foi o primeiro?… Será que outro ser humano, já o teria feito, centenas ou milhares de anos antes?… E também já estavam construídos os “currais de vinha”?
Dá para entender? Não será mais, outra forma de querer-se “aparecer”?
Voltar para Crónicas e Artigos |